Quando assistimos um filme feito por um grande cineasta, geralmente temos a idéia de que ele deu um toque especial para a estória. Neste caso presenciamos o contrário. Nunca um conto clássico esteve em tão boas mãos quanto Alice no País das Maravilhas. Se tem um cineasta que se encaixa exatamente no “estilo” deste “Conto Sem Fadas”, esse alguém é Tim Burton.
Esta versão de Alice no País das Maravilhas não nos da a clareza necessária de afirmarmos ser a melhor, muito menos a pior de todas já antes produzidas. O mesmo vale para a filmografia interessante e criativa de Tim Burton. Este está longe de ser o seu melhor, muito menos pior filme. A parceria de Burton e Johnny Depp já é conhecida por todos os 6 longas anteriores. Depp fazendo o “Chapeleiro Maluco” trás o habitual carisma e a corriqueira excentricidade que vem colecionando papeis após papeis.
Voltando a produção notamos que a estória de Alice é sim propícia para o tão febril estilo 3D do momento. É uma estória cheia de extravagancias, cenários adequados para serem explorados com a profundidade que o 3D nos proporciona. Sendo sincero, não assisti esta película em uma sala com esta tecnologia, porém é possível ficar imaginando os momentos de foco primário, quando por várias vezes os objetos no primeiro plano ganham uma atenção especial. O diretor Tim Burton já deu várias declarações de que este seria seu maior desafio, pois trabalhar com poucos elementos reais nos sets e muitos virtuais seria complicado para ele. Estamos falando de um dos melhores diretores no momento, principalmente no quesito criatividade visual, Tim Burton consegue abrir o livro e nos levar até o “País das Maravilhas”.
No enredo temos a estória praticamente de sempre, apesar de Alice estar “voltando” ao País das Maravilhas, ela passa por praticamente todos os passos que uma vez já passara quando menor. Chegando na protagonista temos uma Alice pouco conhecida. Muitos que assistiram a interpretação “pálida”, quase literalmente, achou que Alice poderia ser mais emotiva e o que se viu foi uma atuação passiva. Ao meu ver a escolha de Burton por uma Alice “discreta” foi acertada, já que certos papéis muito clássicos tendem a perder a força quando competem com um rosto estelar hollywoodiano. Não é amor a primeira vista, a princípio senti algumas dúvidas nesta Alice, porém depois vi que a atuação foi na medida certa.
Juntando um elenco excelente, um diretor criativo e competente, elementos técnicos afiados e o que se tem é uma expectativa acima da média. Isso tudo existe no filme, porém é a essência do conto que não colabora. Alice no País das Maravilhas é uma estória que foge do que estamos acostumados, porém por vezes foge de mais. As vezes temos a sensação de que metáforas foram plantadas a força e não brotadas naturalmente. Alice vale a pena ser conferida, porém não é uma daquelas estórias que saímos embriagados de felicidade quando termina. Esta Alice tem o seu valor, não mais do que isto.
Marcelo Lobo
Ficha Técnica
Título Original: (Alice in Wonderland)
Lançamento: 05 de Março, 2010.
Produção: Richard D. Zanuck, Joe Roth, Suzanne Todd, Jennifer Todd.
Direção: Tim Burton
Roteiro: Linda Woolverton, Lewis Carroll (Livro)
Atores: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Anne Hathaway, Stephen Fry, Crispin Glover,Michael Sheen.
País: EUA.
Língua: Inglês.
Duração: 108 min.
Gênero: Aventura, Fantasia.
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