Escravos do Rancor (Abismos de Pasíon)
México - 1954
Direção: Luis Buñuel
Luis Buñuel encaixa-se no movimento surrealista do cinema. Os surrealistas tinham como proposta a transformação do mundo, ao invés de sua interpretação. Para eles, a arte não deveria ser uma parcela de nossas experiências, mas uma síntese de todos os aspectos de nossa existência. É possível perceber esse movimento em dois filmes de Buñuel: Um Cão Andaluz e A Idade Do Ouro.
Mas o diretor não realizou apenas filmes inseridos na estética surrealista. Durante os anos 50, passou um tempo filmando no México e fazendo filmes mais comerciais. "Escravos do Rancor" faz parte desta "fase mexicana" do diretor, ao lado de filmes como Os Esquecidos, O Alucinado, Robinson Crusoe e outros.
Mas "Escravos do Rancor" não é um filme que referencia a obra de Buñuel. Comparado com Os Esquecidos, por exemplo, é um filme fraco: foge da característica do diretor de fazer o espectador refletir após assistir a obra.
A trama do filme gira em torno de um filho adotivo que era rejeitado quando criança, e volta, já adulto e rico, para vingar-se daqueles que o tratavam mal. Ele também pretende conquistar o amor de sua irmã, que já está casada.
Os personagens intercalam uma paixão brutal com o desapego e a indiferença. Em alguns momentos tem-se a impressão de que o amor é tudo em suas vidas, já em outras sequências o que parece é que o que realmente importa é o egoísmo de cada um, o fato de botarem-se sempre em primeiro lugar.
É possível afirmar que "Escravos do Rancor" foi uma pequena queda na filmografia do diretor, já que antes deste filme, ele já tinha feito obras brilhantes e intrigantes.
Carolina Klautau (http://www.usinecinematographe.blogspot.com)
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