sexta-feira, 14 de maio de 2010

Um Dia Qualquer




Um Dia Qualquer (Um Dia Qualquer)
Brasil – 1962
Direção: Líbero Luxardo

Líbero Luxardo foi o responsável pelo primeiro longa-metragem paraense e o primeiro diretor a usar atores, fotógrafos e editores locais. Porém, em 1962, ao contrário do que acontecia no Brasil, o Pará ainda era um estado bastante deficiente de recursos para realizar filmes. O país via surgindo o “Cinema Novo”, que foi sucessor das “Chanchadas”, enquanto o Pará ainda tentava realizar cinema de qualidade à duras penas.

Um Dia Qualquer é o primeiro longa-metragem autenticamente paraense e foge do tipo de cinema que estava sendo feito no Brasil. O diretor Líbero Luxardo buscou inspiração no movimento francês de cinema “Nouvelle Vague” para realizar o pioneiro longa do Pará.

O filme conta a aflição de Carlos (Hélio Castro) que perdeu sua esposa, Maria de Belém (Lenira Guimarães), devido a complicações no parto. O diretor escolheu pontos turísticos marcantes da cidade para filmar, o que mais parece uma homenagem à Belém; lembrando que Líbero Luxardo era paulista, mas chegou à Belém em 1939 e acabou se apaixonando pela cidade.

Também se percebe os costumes da década de 60 cultivados pela cidade: função da mulher na sociedade, as práticas do candomblé, o Círio, o lado profano da periferia, a prostituição como uma das profissões mais marcantes, entre outros.
Apesar da contribuição histórica que Líbero Luxardo realizou para o cinema paraense, Um Dia Qualquer não é uma experiência muito agradável. Os efeitos do baixo orçamento, a deficiência do estado para fazer cinema foi notável; existem falhas graves na montagem e na dublagem do filme, ou seja, dois dos aspectos que conferem ao cinema características únicas. Outro ponto falho são as atuações. Um caso curioso desse filme é que as atrizes disponíveis para um dos papéis se negaram a fazê-lo quando souberam que teriam que aparecer nuas. Para resolver o problema, a produção contratou uma prostituta para filmar.

Porém, nada é tão ruim que não se possa tirar proveito. Um Dia Qualquer serve para mostrar aos paraenses o tipo de cinema que era feito no estado. Já para os mais jovens, serve para expor os costumes da cidade e as diferenças culturais e físicas que Belém passou.

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